A 16ª edição do Fórum das Letras celebra a crítica literária. Por vezes lembrada por sua ação avaliadora, a crítica é, antes de mais nada, uma forma de relação amorosa com a literatura, nasce de um desejo de continuar a experiência literária a partir do diálogo. Nessa relação, que é de intimidade com a obra, a crítica facilita a comunicação ou interpõe mais camadas de névoas, mas ela está ali, cúmplice da obra, em parceria com os leitores, criando caminhos por onde a obra possa circular. Muitos escritores desdobram-se também em críticos e alguns autores começaram sua carreira nessa parceria como intérpretes, numa espécie de preparação para sua atividade como escritor. É nessa relação de continuidade e amor à literatura que celebramos esta edição do Fórum dos Letras, homenageando críticos fundamentais para a nossa literatura, tais como Alfredo Bosi, que perdemos neste ano, e celebrando a trajetória longeva de críticos como Fábio Lucas e Flora Süssekind.
O crítico literário mineiro, Fabio Lucas, fez 90 anos em 2021 com uma carreira extensa e profícua, no magistério e na crítica literária, com mais de sessenta livros publicados e diversos prêmios no Brasil e no exterior. Sua simpatia e generosidade intelectual o tornaram um dos mais respeitados críticos literários de sua geração, muito querido por seus alunos e amigos. Ele fala sobre o tema a que dedicou a sua vida.
O Fórum também conta com a participação especial de Milton Hatoum. O importante escritor amazonense gravou especialmente para o Forum das Letras um pequeno depoimento em homenagem ao crítico literário Davi Arrigucci, um dos mais importantes teóricos da literatura do Brasil contemporâneo, que influenciou toda uma geração de pesquisadores.
Assista a transmissão: https://www.youtube.com/watch?v=fVSqRLDP170
Além disso, nossa homenageada do Forum das Letras, Flora Süssekind, é uma das mais importantes teóricas da literatura no Brasil, com uma obra que desenha a história do pensamento sobre a historiografia literária e teatral na cultura oitocentista brasileira e na produção cultural contemporânea, bem como nas relações entre as artes. Além disso Flora foi uma das principais pesquisadoras a atuar na reputada Casa de Rui Barbosa, que passou recentemente por mudanças dramáticas em seus quadros, provocadas por um contexto político contrário à pesquisa e à inovação. Contudo, o futuro de nossos acervos e centros de estudos públicos se viu ameaçado desde o Golpe de 2016. O que será da casa Rui Barbosa, do Arquivo Nacional, da Biblioteca Nacional, do Museu de Belas Artes e de tantas outras instituições ligadas à memória e à pesquisa? Essas questões serão debatidas nesta mesa que celebra a relação entre crítica e resistência.
Assista a transmissão: https://www.youtube.com/watch?v=7PPZbcRkocU